Por David Gomes – Jornalista e pesquisador da dança de salão brasileira
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São Paulo – A dança encanta, emociona e une. Mas nos bastidores dos campeonatos de Bachata — ritmo latino que cresceu no Brasil e no mundo — uma questão delicada paira sobre o palco: os jurados estão realmente sendo imparciais?
O Crescimento da Cena e os Desafios do Julgamento
Com o aumento dos festivais e competições internacionais de Bachata no Brasil, como o Bachata World Festival, a presença de jurados renomados passou a ser símbolo de prestígio e qualidade. No entanto, quanto mais visibilidade, maior a pressão por transparência e critérios justos.
“Infelizmente, vemos favoritismos baseados em laços pessoais, afinidades de escolas ou até interesses comerciais. Isso mina a credibilidade do evento”, diz Fernanda Rivas, dançarina profissional e finalista em campeonatos no México e Europa.
Os Critérios Oficiais Nem Sempre São Seguidos
Embora existam critérios técnicos e artísticos claros — como musicalidade, conexão, interpretação e execução dos passos — a subjetividade permanece. A falta de padronização nos julgamentos e o uso insuficiente de ferramentas de feedback contribuem para a desconfiança dos competidores.
“O mesmo casal pode receber notas altíssimas de um jurado e notas baixas de outro, sem uma explicação convincente. Isso frustra quem se prepara por meses para competir”, relata Lucas Amaral, coreógrafo e treinador em São Paulo.
Relações Pessoais Influenciam?
Um dos pontos mais delicados é o envolvimento pessoal entre jurados, competidores ou organizadores. Em muitos casos, jurados são também professores, empresários ou parceiros de dança dos próprios competidores.
A dançarina internacional Sofia Martínez comenta:
> “É impossível ignorar o fato de que muitos jurados avaliam alunos, amigos ou ex-parceiros. Isso não significa que sempre há má-fé, mas mostra como o sistema atual precisa ser mais ético e transparente.”